“A vida toda eu fui obcecada pela adolescência, pois sabia que eles entendiam algo que as crianças ainda não sabiam, e que os adultos acabavam esquecendo” - Lorde
O especial de hoje é para homenagear um dia muito importante do ano..
It’s my birthday!!
Os esperados, temidos e apavorantes 18 anos chegaram. E honestamente, não sei como me sentir a respeito. Acho que é uma relação dicotômica, pois ao mesmo tempo que aprecio as migalhas de liberdade que vem a mim aos poucos, eu - relutantemente - me despeço daqueles dias, e me sinto em luto pelos anos que tive, e que não voltarão. E principalmente, lamento o que esses anos poderiam ter sido, caso eu não estivesse ocupada demais lidando com problemas emocionais. Fato que me fez chorar por mais de 30 minutos no colo da minha mãe, repetindo incessantemente que não queria fazer 18.
Sinto que não aproveitei tudo o que poderia ter aproveitado. Que só observei o tempo passar, sem fazer nada a respeito. E agora quero recuperar o tempo perdido, e não é mais possível. Há uns dias era meu aniversário de 14 anos, e eu estava super feliz de poder me identificar com a música “I just turned fourteen, and I think this year I'm gonna be mean” que era trend na época. E, em um piscar de olhos, se passaram 4 anos?
Vi algumas crianças indo para escola, e de repente me caiu a ficha: eu nunca mais vou usar uma farda na vida. nunca mais vou acordar e me arrumar para lá. nunca mais irei me preocupar somente com a prova de história e o seminário de biologia. eu nunca mais vou ser criança. E isso me apavora mais do que qualquer coisa que já vivenciei.
Como pode, nós implorávamos tanto para crescer, vivíamos acreditando que era melhor ser adulto… E então, agora eu sinto que faria qualquer coisa possível para voltar a minha infância. E esse sentimento é muito ambíguo, pois entenda, eu não gostaria de ser criança hoje, eu gostaria de voltar a ser criança nos meus anos de infância. Quando tínhamos que ir à locadora para alugar um desenho, quando eu brincava na rua com meus vizinhos, quando minha única preocupação era descobrir quem era o Hawk Moth, quando eu ansiava a sexta de levar brinquedo, quando o mundo tinha cor e era um lugar mágico. Eu queria voltar a ser criança lá.
“Ainda parece estranho dizer isso. Que ‘criança’ é algo que eles eram, não algo que eles são. Você passa tanto de sua juventude tentando convencer a todos que cresceu, mas no minuto em que o mundo se vira e diz ‘você é um adulto, você é responsável’, você não pode deixar de sentir que um terrível erro foi cometido”. Remus Lupin, Choices.
A verdade é que não me sinto com essa idade, não me sinto madura o suficiente, não me sinto “crescida” o suficiente. O que é meio irônico sendo que fui a criança ‘madura demais para a idade’. No fundo, me sinto uma garotinha assustada fantasiada de uma jovem bem resolvida.
Vejo o Instagram de pessoas que eu literalmente brincava de pega-pega a pouco tempo atrás, e eles já estão colocando seus cursos da faculdade na bio. E me sinto tão estranha? Como se todos cresceram, e se esqueceram de me avisar como fazer o mesmo.
Não sei como lidar com as responsabilidades, as pressões e todo o resto que vão chegar. Sei que não é algo de uma noite para a outra, mas esse é um ponto de partida, e só isso já é o suficiente para tirar minhas noites de sono. Acabou a idade de “o que você quer ser quando crescer?”. Você já cresceu. A pergunta agora é simplesmente o que você vai ser, e isso me apavora.
Extras & Notas Perdidas
Todo o álbum melodrama representa exatamente a melancolia a respeito do fim da adolescência. Se tem uma pessoa que odeia mais ter crescido do que eu, essa pessoa é a Lorde. E o modo como ela transforma a confusão, sobre essa transição, em arte é espetacular
A @livresenhas, em um vídeo, explicou o sentimento de ‘adolescência tardia’, onde você foi tão emocionalmente responsável quando jovem, tentando agir como uma pessoa madura, que acabou por perder certas experiências. E quando chega a uma certa idade, simplesmente se dá a chance de ser uma pessoa mais inconsequente, idiota e impulsiva. Às vezes sinto que isso irá acontecer comigo quando finalmente me libertar das amarras que me impedem de viver plenamente.
Never grow up, taylor swift: “Queria nunca ter crescido, tudo ainda poderia ser simples”
feliz aniversário Lo!!! amei seu texto porque ele ecoa exatamente tudo que eu pensei no meu aniversário de 18 anos, há dois anos atrás. vou te falar uma coisa (não um conselho, só uma experiência mesmo, e você faz com essa informação o que quiser kkkk) hoje, quando eu olho para trás, para o quanto eu me sentia deslocada, madura demais para ainda ser adolescente e imatura demais para me achar adulta, eu percebo que todas essas sensações me levaram para quem eu sou hoje. que todo esse peso, que é bem duro de se carregar, eventualmente vai ficando mais leve. algo que me ajudou muito foi saber que eu sempre vou carregar minha criança interior e tudo que eu faço é uma forma de acalentar ela um pouquinho. espero que essa sua nova fase seja linda e que você aprenda muito, eu prometo que depois tudo compensa. fica bem! ♥
Tenho 15, e só de pensar que os meus 18 estão chegando já me dá um sentimento de desespero. Nunca fui a crianças que quis crescer, pelo contrário, nunca quis. E agora, aos meus 15 anos, eu queria continuar nessa idade pra sempre, mas infelizmente não é possível, final do ano faço meus 16, e mais perto da vida adulta eu vou chegando.