"lipstick on a pig" - a influência midiática na hiperfeminilidade
a feminilidade fabricada precisa acabar.
"Não se nasce mulher, torna-se mulher". A frase da filósofa Simone de Beauvoir, foi dita com o intuito de contrariar os conceitos machistas da época, sobre quem a menina deveria ser.
Infelizmente, a ideia do “tornar-se mulher” foi distorcida pela sociedade, transformando-se em normas do que é necessário ser ou fazer para ser considerada garota.
A maioria aqui, me incluindo, crescemos com o desejo incansável de sempre parecer mais delicada e feminina. Isso só piora quando na infância foi nos dito que tais características nos faltava, seja pelo peso, estilo de roupa, gosto para brinquedo, ou até mesmo pelo modo de se sentar.
A expressão do título expressa a ideia – viralizada nas redes sociais – de que “mesmo que você ponha gloss em um porco, ele vai continuar sendo um porco.”
Essa “crença” foi o gatilho para muitas pessoas, do sentimento de se sentir fora do padrão idealizado de feminilidade.
Por exemplo, perdi a conta de quantas vezes já me peguei chorando no chão do banheiro, por me sentir um monstro fantasiado de vestido rosa e unhas pintadas – e creio eu, que não fui a única a passar por isso.
O sentimento devastador de se sentir errada perto das meninas mais baixas, mais magras, mais “garotas” que eu, entende bem?
É como se fossemos GRANDES demais, exaltadas demais, “masculinas” demais…
Mas até que ponto é justo nos culparmos por essa sensação, quando a mídia infectou nossa percepção de feminilidade, desde os primórdios?
Figuras como Audrey Hepburn nos fizeram desejar ansiosamente para exalar aquele tipo de delicadeza – não me leve a mal, eu amo essa diva atemporal, mas é impossível tentar viver, a todo momento, à altura desse tipo de role model (modelo de comportamento).
Além de que, somos constantemente bombardeadas de conteúdos sobre como aparentar ser mais delicada, como exalar “energia feminina” para dar certo no amor, e qual o jeito correto de se ser garota.
Não quero passar a ideia errada. Eu amo rosa/roxo, sou perdidamente apaixonada por comédias românticas, o banho premium é o meu dia favorito da semana, e escolher a próxima cor do meu esmalte é uma das minhas diversões.
Não estou aqui para condenar nada disso.
Só que por outro lado, tem garotas que não estão nem aí para essas coisas!
E, mesmo assim, por conta da ideia da feminilidade excessiva estar tão emaranhada em nossa mente, essas garotas se moldam e se apagam, porque se não fazem-no, se sentem menos menina.
Então, é realmente cabível a ideia de que esse padrão é o que é necessário para ser considerado garota?
Ou até de que não somos dignas de sermos amadas e encontrarmos a pessoa certa, por não nos encaixarmos nisso?
Já passou da hora de ressignificar o que significa o ser feminino.
E há uma certa urgência nisso, a fim de nos curarmos das feridas internas causadas por tais ideais ultrapassados. Além de prevenir que as nossas filhas, no futuro, sintam o que sentimos.
“Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.” Simone de Beauvoir
esse texto foi necessário!
quando vi o título estava com medo de ler, por ser um tópico que me pega bastante, mas, no fim, me confortou.
é bom saber que não estamos sozinhas nesses pensamentos perturbadores que parecem o fim do mundo.
parabéns pela escrita, querida, o texto ficou ótimo, muito bem desenvolvido e elaborado. amei!💕
Odeio o fato da sociedade sempre impor padrões e as pessoas normalizarem isso entende? Eu me acho linda hoje em dia mas nem sempre foi assim pois achava que eu tinha que fazer tudo, pintar minhas unhas de rosa, sentar de um modo, falar de um modo certo tudo pra agradar os outros e eu me perdia de mim mesma de sempre tentar me encaixar no que a sociedade achava que era melhor para mim oq era mais “feminino” se vc quer pintar suas unhas de outras cores pinta, se vc quer se sentar de um modo senta sabe? Não tem que haver um padrão no que fazer para ser mais “feminina” nos devemos ser nos mesmos e nos amar do jeito que somos pois somos femininas do jeito que somos.