minha alma é patriota.

precisamos parar com o complexo de inferioridade cultural

Acho que assim como quase toda criança, cresci com o sonho de vivenciar o “american dream”, principalmente as experiências do high school. Por conta disso, eu passava horas assistindo aos vlogs de intercâmbio, como os da Laura Daniela e da Catarina Tourinho. E fui alimentando aquele desejo contínuo de andar nos tais ônibus escolares amarelos e viver um romance com o capitão do time de lacrosse.

Fomos ensinados a crer que o que vinha de fora sempre era mais belo do que o nacional, em todos os sentidos e parâmetros. E que sair do Brasil para morar em outro país é a mais pura definição de sucesso. Então fui construindo esse sonho de deixar todo esse lugar para trás, e continuei a me afastar cada vez mais da minha própria cultura.

Nunca vou esquecer de quando eu postei uma retrospectiva do spotify alguns anos atrás e uma colega respondeu com “nossa, você não ouve nenhum cantor brasileiro”. Naquela época eu achava normal, e só respondi com a velha desculpa do “não faz meu estilo”. Essa desculpa chega a ser engraçada, pois você afirma que não pertence a algo que nem se deu o trabalho de conhecer.

Mas de repente, algo mudou em mim. Não vou saber dizer o quê, talvez foi o resultado dos meus estudos sobre a geopolítica estadunidense, ou os indícios da mudança do meu córtex pré-frontal. Só sei que quando eu notei, as dezenas de cantores estrangeiros foram aos poucos virando nacionais, os filmes favoritos eram aqueles que passavam no cinema independente do bairro, e pensar em ser brasileira começou a me dar uma certa sensação de orgulho. De um dia para o outro eu percebi: eu amo o Brasil

Não me interprete errado, não estou aqui para ser hipócrita e falar que você precisa abandonar qualquer conteúdo que não seja nacional. Até porque eu continuo sendo fã de carteirinha da Marvel e minha cantora favorita continua sendo a Taylor Swift.

Mas será mesmo que não existe absolutamente nada na cultura do seu próprio país que te atraia?

Costumamos associar arte somente à música e filmes. Mas o universo criativo é tão mais vasto, e cada campo dele existe aqui no Brasil – só que sem o devido reconhecimento. Temos literatura própria, quadros, esculturas, danças, peças e muito mais.

Sim, o museu do louvre é muito interessante, mas qual foi a última vez que você foi em um museu na sua própria cidade? Admito que estudar a 2° guerra mundial é de fato fascinante, mas a nossa história também é. O quando você sabe sobre ela? (Inclusive, gostaria de recomendar a news “500 Anos de Brasil... Ainda Estamos Aqui”. Ela resume o básico que qualquer um deve entender sobre nossa história)

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Além disso, não é possível falar de Brasil sem falar sobre a classe que carrega o país: a classe trabalhadora. O quão justo é termos que lidar com piadinhas estrangeiras de que “brasileiros são preguiçosos e só vivem de futebol e carnaval”, enquanto todos os dias levantamos antes do sol nascer e chegamos em casa depois dele se por, numa tentativa diária - não de enriquecer - mas de não fazer parte da estatística dos mais de 8,4 milhões de pessoas que passam fome neste país.

Plebiscito popular: o que é e pra que serve?

Nos últimos dias esse termo explodiu por toda a rede social, mas entre todas as ondas de fake news, você realmente entendeu o que é isso e como te beneficia?

O plebiscito é uma consulta do governo a toda população sobre determinadas questões. Então você vota, como se fossem eleições, e o resultado será entregue ao presidente, ao Congresso Nacional e ao STF.

• “Mas sobre quais questões eles estão me consultando?”

Os principais temas são o fim da escala 6x1 e a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Então de julho a 7 de setembro, milhares de urnas foram postas em todo o Brasil para que ocorra essa votação, que só acontece de maneira presencial. No perfil oficial deles @plebiscitopopular tem a localização de todas as cidades que contém a urna.

E lá você vai responder sim ou não para as seguintes perguntas: “Você é a favor da redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, e do fim da escala 6x1?”; e “Você é a favor de que quem ganhe mais de R$ 50 mil por mês pague mais Imposto de Renda para que quem recebe até R$ 5 mil por mês não pague?”

Esse movimento não é partidário, não é sobre ideologias, é sobre os trabalhadores que são a base do país terem um pouco mais de direito. Sobre o povo lutando contra as pessoas que só conseguem nos enxergar como máquinas e não seres humanos equivalentes.

Chegou a hora de você usar a sua voz para fazer a diferença!

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Nos últimos anos, o termo ‘patriotismo’ foi correlacionado erroneamente a um determinado viés político, junto com símbolos nacionais como a nossa bandeira. Mas o verdadeiro ser patriota é sobre honrar e entender os valores históricos e sociais que moldaram todo o nosso coletivo, sobre respeitar e apoiar a nossa cultura e diversidade. É reconhecer a beleza de um cachorro caramelo, um filtro de barro, um prato de vidro marrom, o churrasco de fim de ano com toda a família enquanto você brinca de passar por debaixo das pernas dos seus primos na piscina.

Lembra o exato momento em que ‘Ainda estou aqui’ ganhou o oscar e o país inteiro comemorou como se fosse um só? Aquilo é ser patriota.

"Meu sangue latino
Minh'alma cativa” - Ney Matogrosso