somos um cemitério de todas as vidas que poderiamos levar
sou obcecada por cada versão de mim que poderia existir
A melhor parte do meu dia é, sem dúvidas, quando posso finalmente sonhar acordada com todo o tipo de vida que poderia ter. Cada noite eu imagino diferentes versões minhas, e atualizo um capítulo das minhas histórias mentais.
Eu já quis ser biomédica em um grande centro de pesquisa, mas também já quis ser bibliotecária em algum lugar ao sul da Escócia. Quero ter uma família grande e uma casa, no entanto, também quero a liberdade de viver sozinha, viajando o mundo.
Honestamente, idealizar todas essas possibilidades é muito mais satisfatório para mim do que realmente escolher uma delas.
Tenho genuíno medo de nunca me contentar com a vida que levar, seja ela qual for.
Ter apenas uma vida é cruelmente insuficiente, e isso me deixa extremamente mal. Não dá tempo de realizar tudo o que almejo.
Como vou aprender todas os idiomas, estudar todo o tipo de filosofia e literatura, conhecer e explorar cada canto da terra, antes de morrer?
Repetindo o que diz o título: Sou um cemitério de todas as vidas que eu poderia levar.
E esse desejo insaciável de viver tudo se estende além de ser eu. Eu gostaria de experimentar viver como, mencionando alguns:
Uma pianista famosa na Belle Époque
Uma repórter de moda na Nova Iorque dos anos 2000
Uma adolescente rica em um internato na Suíça
Um artista libertino na Paris dos anos 20
Uma atriz da Old Hollywood (pode ser você, Evelyn Hugo)
Uma nepo baby na qual a única obrigação é servir looks em Mônaco
E tantos outros mais…
Você me entende? Já sentiu esse desespero em saber que sua vida nunca vai te preencher por completo, que nasceu para viver muito mais do que se é possível?
Eu agradeço bastante aos livros por conseguirem me fazer experimentar pelo menos um pouco dessas tantas outras realidades, mas, apesar disso, ainda sinto uma melancolia de não poder viver nada disso realmente.
Por isso que quando penso no meu futuro, tento ao máximo colocar fragmentos de todos os sonhos que anseio, na maneira do possível.
Citando um dos meus autores favoritos,
“Fui para os bosques viver de livre vontade. Para sugar todo o tutano da vida. Para aniquilar tudo o que não era vida e para quando morrer, não descobrir que não vivi.’’ Henry David Thoreau
Há tanto para se viver, tantas escolhas a serem feitas. E ao invés disso me motivar, às vezes me paralisa e faz com que eu queira parar o tempo, apenas para não ter que mergulhar ainda em nenhuma possibilidade definitiva.
No entanto, isso não é possível, o tempo não para. E logo em breve, vou ter que decidir o meu lugar nessa bola azul flutuante, que é a Terra.
O que vou fazer? Não faço a mínima ideia
Só espero que a vida que eu escolha por fim, seja boa o suficiente para que nunca olhe para trás e deseje ter escolhido outro caminho.
Me lembrou uma citação da Sylvia Plath que eu adoro: “Não posso ser todas as pessoas que quero e viver todas as vidas que quero. Não posso desenvolver em mim todas as aptidões que quero. E por que eu quero? Quero viver e sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência.”
simmmm, me sinto assim, a gente sente tanta vontade de fazer tudo, de viver tudo, que ficamos com medo se no futuro estamos fazendo as coisas certas, e pior os pensamentos de “ e se eu tivesse sido aquilo?”, sério essas possibilidades me deixam maluca tbm!